
Como ser uma pessoa virtuosa em um mundo como a Terra? — Parte 16/18
Como agir com desinteresse, se temos interesse em progredir? Isso não é um egoísmo meu?
Resposta de *Cosme Massi na live “Como ser uma pessoa virtuosa em um mundo como a Terra?”, transmitida ao vivo em 06/09/2021, no Enconself 2021; realização da Sociedade Espírita Laços Fraternos e transmissão da Rádio Espírita do Paraná.
Transcrição de Rui Gomes Carneiro.
No livro de minha autoria As leis naturais e a verdadeira felicidade, eu explico que esse conceito de desinteresse não é o desinteresse absoluto, uma vez que toda vez que agimos temos um interesse como fim. Temos, por exemplo, interesse em progredir.
E como toda virtude é uma ação, e a ação tem um fim e são necessários meios para alcançar esse fim, é claro que se tem o interesse de que o fim seja alcançado.
Não é de um desinteresse absoluto que se fala, não podemos tomar a palavra em si significando ausência absoluta de interesse, não é isso. É por isso que se usa, com frequência, junto à palavra “interesse” a palavra “pessoal”, formando “interesse pessoal”, ou seja, o interesse da própria pessoa. Isso significa que a pessoa coloca o seu interesse acima do interesse do próximo, mesmo que lhe venha causar algum tipo de prejuízo; quando a pessoa age com interesse pessoal ela faz cálculos do que pode ganhar e se pode perder alguma coisa com aquela ação, e aí está o problema. Ao agir motivado pelo seu interesse pessoal, o indivíduo já pergunta: “O que que eu vou ganhar? O que que eu vou perder?” Esse é o interesse pessoal.
Claro, o interesse em progredir é nobre; no item 897 de O Livro dos Espíritos, Kardec aborda esse tema. A pessoa precisa ter esse interesse, senão não progride.
Mas não é esse interesse genérico de progredir que é prejudicial ao desenvolvimento espiritual; é o interesse nas ações específicas, em ações determinadas, quando o que move é o cálculo do que poderá ganhar, perder ou deixar de ganhar naquela ação. E se uma ação tem cálculo, ela também tem interesse, mesmo que seja no bem; um político que distribui cesta básica, com recursos próprios, para sua propaganda eleitoral, está praticando o bem, afinal está doando alimentos, mas sua ação não é virtuosa, porque ela foi uma ação no bem, mas realizada pelo motivo do que ele ganharia com ela.
Então, é do interesse específico que ocorre em determinada ação que se está falando, e não no sentido seu geral, já que temos interesse de progredir, de agir, de praticar a virtude.
É preciso não tomar a palavra desinteresse como desinteresse absoluto, já que o desinteresse absoluto seria impossível, porque toda ação tem interesse.
O Livro dos Espíritos > Parte terceira — Das leis morais > Capítulo XII — Da perfeição moral > As virtudes e os vícios. > 897
897. Merecerá reprovação aquele que faz o bem sem visar a qualquer recompensa na Terra, mas esperando que lhe seja levado em conta na outra vida e que lá venha a ser melhor a sua situação? E essa preocupação lhe prejudicará o progresso?
“O bem deve ser feito caritativamente, isto é, com desinteresse.”
b) — Não haverá aqui uma distinção a estabelecer-se entre o bem que podemos fazer ao nosso próximo e o cuidado que pomos em corrigir-nos dos nossos defeitos? Concebemos que seja pouco meritório fazermos o bem com a ideia de que nos seja levado em conta na outra vida; mas será igualmente indício de inferioridade emendarmo-nos, vencermos as nossas paixões, corrigirmos o nosso caráter, com o propósito de nos aproximarmos dos Espíritos bons e de nos elevarmos?
“Não, não. Quando dizemos fazer o bem queremos significar ser caridoso. Procede como egoísta todo aquele que calcula o que lhe possa cada uma de suas boas ações render na vida futura, tanto quanto na vida terrena. Nenhum egoísmo, porém, há em querer o homem melhorar-se, para se aproximar de Deus, pois que é o fim para o qual devem todos tender.”
*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.
Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.
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