Têm alma os animais? — Parte 1 de 2.
*Explicação de Cosme Massi no canal A Vida em Foco, #150, em entrevista a Márcio da Cruz.
Transcrição de Rui Gomes Carneiro
— Têm alma os animais? Nós já fomos criados para habitar corpos humanos, fomos criados antes de entrar na humanidade, como é isso?
— Primeiro gostaria de recomendar o estudo do último capítulo da segunda parte de “O Livro dos Espíritos”, intitulado “Dos Três Reinos”, onde Kardec faz perguntas sobre essa temática aos Espíritos. O que eu vou fazer aqui é responder a partir do que se encontra nesse capítulo “Dos Três Reinos”.
— Os pets como gato, cachorro, pássaros, têm espírito, têm uma alma, uma individualidade?
Temos que ter muito cuidado, como observa Kardec, com o sentido das palavras. Ele tomou todos os cuidados. Quando se olha para um animal qualquer, vê-se um nível de inteligência, é inegável isso. Pássaros, cachorros, diversos animais demonstram um certo nível de inteligência.
Então Kardec percebeu que, se há inteligência, tem que haver um princípio inteligente, que é responsável por esta inteligência, a menos que adotássemos uma posição materialista, dizendo que a inteligência é uma propriedade da matéria.
Como nós não adotamos essa postura, para o Espiritismo a inteligência não é uma propriedade da matéria, então Kardec chamou essa inteligência dos animais de espírito, com letra inicial e, minúscula. Isso para criar uma diferença com a inteligência humana, a alma humana, Espírito com a letra E, inicial maiúscula.
Então essa é uma distinção muito importante para que a gente não confunda os dois princípios: porque eu não posso dizer que eu, Cosme, Espírito com E, maiúscula, fui alguma vez um cachorro, espírito com e, minúscula.
Não é assim o processo evolutivo! Não há uma individualidade que vai evoluindo nos reinos vegetal, animal até chegar no reino hominal, virando Espírito com E maiúscula. Não é assim que os Espíritos colocam a questão para Allan Kardec.
Eles colocam que esses dois princípios (espírito e Espírito) poderão ter pontos de contato. Pode ser que esse princípio inteligente (espírito) evolua de alguma maneira, e que se torne o princípio inteligente dos homens, mas não como essas individualidades; não no sentido de que uma alma animal evoluiu e em algum momento se tornou o Cosme, por exemplo, não é isso. Cosme só começa existir no período humano. A alma Cosme, o Espírito que tem o nome Cosme, hoje só começa a partir do processo humano.
— E o que caracteriza, então, o ser humano?
— Essa é a marca fundamental! Kardec coloca que a alma humana é caracterizada fundamentalmente pelo senso moral, pela crença em Deus, pela capacidade de progresso moral. O que não ocorre no animal.
Aliás, um grande estudioso francês, Rousseau, já havia proposto um conceito de animal humano, que usa exatamente o conceito de progresso. Ele foi o primeiro a perceber que o que vai diferenciar os animais dos homens não é o fato da inteligência, não é como queria Aristóteles que o homem é um animal racional. Em um certo sentido um cachorro raciocina, eu uso a palavra raciocinar em um sentido muito amplo, porque ele resolve problemas, ele enfrenta situações em que ele tem que resolver problemas.
O que Rousseau identificou? Que na alma humana há progresso, o homem progride: a choupana do homem primitivo não é a casa, a mansão do homem moderno. O cachorro nada muda, nada evolui, ele permanece sempre o mesmo. A abelha faz sua casa hoje como fazia há milhões de anos. Não se identifica nenhum processo de progresso no sentido do que identificamos no ser humano.
— Mas há algo de espiritual na abelha, no cachorro, nos animais. Esse princípio não evolui?
— No sentido de individualidade a gente não pode pensar assim. Os Espíritos dizem a Kardec que esse princípio inteligente dos animais, após a morte não tem individualidade com consciência de si mesmo, eles não preservam a consciência de um eu, que é o que caracteriza a consciência humana. Após a morte do corpo nós temos consciência do que somos, permanecemos sendo nós mesmos. Então eu falo: eu sou Cosme, continuo Cosme. Não existe nos animais um cachorro que se reconhece como cachorro com uma consciência. Dizem os Espíritos que esse princípio inteligente é imediatamente aproveitado em outros animais, sendo que não há essa consciência de si após a morte do corpo.
— Esse princípio inteligente vai conseguir evoluir a ponto de se individualizar também?
— Como princípio é muito provável. Kardec coloca os dois pontos de vista: ele fala que há Espíritos que defendem a tese que esse princípio inteligente evolui para um dia ser transformado em Espírito humano, e há outros que defendem uma independência. Kardec coloca as duas hipóteses como possíveis.
Mesmo essa hipótese que ele defende mais na última obra “A Gênese”, da evolução do princípio inteligente, não é desse jeito como nós imaginamos, ou seja, uma individualidade que foi um cachorro e ela vai evoluindo até se tornar um ser humano.
Não é assim! E como é, os Espíritos não responderam. Por isso, quando Kardec pergunta, eles dizem assim: Não sabemos quando se dá o início do Espírito. Sabemos que Deus nos fez; como, ignoramos.
Não é bom que a gente fique fazendo essas especulações, senão vamos gerar contradições. Não se consegue imaginar como a alma de um cachorro, o princípio inteligente do cachorro, evoluiria para chegar na alma humana. Vamos encontrar muitas contradições do ponto de vista moral. . . Mas, quais seriam os problemas que surgiriam do ponto de vista moral?
Podemos perguntar: mas esse cachorro que se tornou um ser humano, ele traz paixões? ele aprendeu? Então o Espírito não começou simples e ignorante, ele começou diferente um do outro! Mas aí cada cachorro teve uma vida diferente, essa diferença vai implicar em diferença no Espírito humano, e então os Espíritos não começaram todos necessariamente do mesmo jeito, ou seja, vai se criar uma confusão!
Na visão espírita é muito mais simples. O Espírito humano, E maiúscula, foi criado simples e ignorante, e nós começamos ali, eu, você, todos os Espíritos humanos começaram ali, como simples e ignorantes.
Não podemos dizer que fomos quaisquer animais, porque não existia “nós”, eu não existia antes disso, nem você existia antes disso. Então os animais não são almas que vão evoluir e se transformar em Cosme, João ou Maria.
Assista à vídeo aula do KARDEC Play "Os animais e os homens".
*Observação. O texto acima foi retirado de uma exposição de viva voz. Como todo ensino oral, esta colocação pode não ser tão rigorosa com os sentidos das palavras, por efeito da proximidade entre as pessoas que conversam. É preciso, por isso, considerar que as definições dadas podem ser provisórias, e que alguns termos são usados em sentido figurado. Em todo caso, o fundo da mensagem não deixa equívocos.
Cosme Massi é Físico, Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciência pela UNICAMP. Foi professor, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil. Ganhador do Prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática. Escritor, palestrante e estudioso das obras e do pensamento de Allan Kardec há mais de 30 anos. Idealizador do IDEAK (Instituto de Divulgação Espírita Allan Kardec) e da KARDECPEDIA, plataforma grátis para estudos das obras de Allan Kardec. Reúne mais de duzentas aulas de Espiritismo na plataforma KARDECPlay.
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